quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O ESTADO CRIMINALIZA O POBRE

"Que estado é esse que desrespeita o mais fundamental direito, que é o direito à vida?
Que política de segurança é essa que extermina as camadas mais pobres da sociedade e que considera cidadãs apenas as pessoas provindas da classe média pra cima?
Que polícia é essa que extermina nossas crianças e que fala pra imprensa, órgãos regulatórios, entre outros, que o que aconteceu não partiu deles, que a criança morreu por bala perdida em confronto de facções rivais"
Que confronto?
Onde estão as cápsulas de bala no chão?
Onde ressoaram os bvarulhos dos tiros trocados?
Cadê as paredes perfuradas?
Apenas um tiro de fuzil foi disparado... tiro este que encontrou seu destino na cabeça de uma criança inocente que saia pra comprar pão"

O texto acima foi escrito pela jornalista Silvana de Sá sobre Matheus Rodrigues. Aos 8 anos, o menino foi morto por um tiro de fuzil disparado por policiais militares em dezembro do último ano. Saiu de casa, na Baixa do Sapateiro, para comprar pão e nunca mais voltou.

Nesse meu primeiro post, apresento uma crítica à política de enfrentamento implementada pelo governo do estado. Reitero o título da reportagem: no Rio de Janeiro, o estado criminaliza o pobre. Não venho, aqui, com nenhuma suposição. Não precisamos ir muito longe para perceber quanto o modelo de "segurança"do estado é discriminatório. Vejam essas duas declarações. A primeira foi vomitada pelo atual secretário de segurança pública e a segunda, pelo governador de vocês - porque meu não é - Sergio Cabral. "O Rio Chegou a um ponto que, infelizmente, exige sacrifícios. Sei que isso é difícil de aceitar mas, para acabarmos com o poder de fogo dos bandidos, vidas vão ser dizimadas." Ai vai a segunda pérola: "A questão da interrupção da gravidez tem tudo a ver com a violência (..) você pega o número de filhos por mãe na Lagoa, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão Sueco. Agora pega na Rocinha, é padrão de Zâmbia, Gabão. ISSO É UMA FÁBRICA DE PRODUZIR MARGINAL"
Há outros casos, como o muro que está sendo construido ao redor do Santa Marta, mas acho que não preciso me estender. A questão é uma só: o estado prioriza a violência em detrimento da inteligência. O rapaz do gabinete investiu em laptop, ar-condicionado, mas manteve o salário do prefessor em 500 reias. Está sendo menos custoso ao estado "subir" com armas do que com livros!

Só uma observação que esqueci de fazer mais acima: quando Beltrami diz baboseiras como essa ou afirma que quem está contra sua política de "segurança" - não imaginam com que tristeza emprego estas aspas - e´stá contra o estado, tenho vontade de colocá-lo no toipo do morro antes das operações!
Queria colocar aqui um quadrinho do Henfil que representa muito bem o que disse, mas não consegui escaneá-lo. Deixa pra próxima.